terça-feira, 29 de julho de 2014

Brasileiros e Festivais Musicais de Grife



Antes mesmo de iniciar o texto, já responderemos o provável questionamento: sabemos que uma pequena minoria privilegiada vai aos grandes eventos de música. A generalização é apenas um instrumento para facilitar o entendimento geral. 

A cada ano surgem novos megas festivais de música no Brasil. Grande maioria com sucesso esmagador. Exceção para o Metal Open Air. Agora, há poucos dias, foi anunciado o Tomorrowland: maior festival de música (?) eletrônica do mundo. Usuários das redes sociais já compartilharam várias e várias fotos com o nome do festival nos seus humildes cofrinhos. E vão precisar. Em regra, esses festivais possuem entradas absurdamente caras. Contudo, brasileiro é assim mesmo: reclama do preço, paga mesmo assim, e continua pagando caro indo para o mesmo evento no ano seguinte. 

O modo como ouvimos música mudou. Antigamente, lá pelos anos 80, ganhávamos um LP/fita K7, colocávamos o regalo no aparelho 3x1 e ficávamos sentado/deitado próximo a caixa de som segurando o encarte para acompanhar a letra da canção. E só! Permanecíamos estáticos para ouvir a música. Hoje, apertamos o play e nem sabemos o porquê. Fazemos tudo ao som de uma mp3, menos prestar atenção no som. O mesmo vale para ouvir música em festivais. Ouvimos a banda X conversando/gritando com a pessoa ao lado, ouvindo música na fila do banheiro, na fila do caixa, sentado no lounge, sentado/deitado na lama de costas para o palco...

Há 05, até 08 anos atrás reclamávamos da ausência de shows internacionais de grande porte. Atualmente, temos que selecionar. Não temos tempo e nem dinheiro compatível com a oferta. Empresários sorriem de orelha a orelha. Estes eventos se tornaram um tiro certo para os bolsos dos donos/parceiros destes espetáculos. Festivais de marca (como LollapaloozaRock in Rio, ...) vendem boa parte dos ingressos antes mesmo de fecharem 100% suas programações. Com essa postura, os consumidores: compram ingressos antecipadamente por causa da música ou por causa do evento social "festival"? Não existe certo ou errado para essa indagação. 

Existem aqueles que vão apenas para falarem que foram ao evento. Geralmente esse grupo é o mesmo que vai em grandes shows desse novo sertanejo, na mega micareta, ... Parte desse nicho lembra muito aquele pessoal que vai em desfile de moda e quer aparecer mais que os modelos que desfilam. Seja por modismo, status, "vitrine cult", ... Whatever

Em contrapartida, no córner oposto surgem aqueles que adquirem os primeiros bilhetes nos primeiros minutos da primeira madrugada de abertura de vendas por confiarem na reputação e qualidade das bandas que serão convocadas. Estes, provavelmente, serão os primeiros da fila. Ficarão na grade durante todos os shows. sofrendo com compactamento do tórax no obstáculo de contenção da manada. Normalmente esse grupo é o que dá mais trabalho para o departamento de primeiros socorros no festival. Todavia, estes fãs saíram felizes. Chorando de emoção. 

E por fim, encontramos o meio termo. Essa repartição de fãs, comumente, é experiente. Nasceram na década de 80 e aprenderam na prática. Possuem conhecimento anterior suficiente para ficar no meio termo. Eles veem o mapa do festival no site. Ficam perto do bar (que fica perto do banheiro) e que também não fica muito perto do palco.  

Cada grupo ouve/consome música da maneira que bem entender nestes feudos-festivais. Contudo, o confronto gerado pelas discussões desses grupos citados anteriormente é que o dá graça antes, durante e depois dos festivais.


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