sábado, 24 de julho de 2010

A era do conhecimento está se transformando na era da sensibilidade



Arrotar pode ser sinal de falta de educação ou sinal de que você gostou da comida. Depende do país onde você estará emitindo o som. No Brasil, pós 2000, com o advento (maldito/bendido) da inclusão digital todos podem absorver conhecimentos até então inacessíveis para a grande massa.

E com essa quantidade de informação avassaladora vem o falso senso crítico e a rasa capacidade de argumentar sobre isso ou aquilo. Quase todo mundo da internet se sente no direito de falar sobre tudo e todos. Concordo! Eu faço isso e é um direito de todos. Liberdade de expressão, de ir e vir e permanecer é algo tão importante quanto comer, respirar ou tomar café.

Contudo, (quase) todo mundo virou crítico de tudo. Nada presta ou o que é legal deixa de ser porque começa a aparecer no programa do Celso Portioli. Pseudofamosos começam a formarem a opinião de uma molecada que não lê e só questiona o fato da coca cola ter mais gás do que a pepsi. O que é pior: o fã de crepúsculo ou o cult que não leu os livros e dispara contra a saga?

Do lado contrário ao pessoal ácido veem os insatisfeitos reclamando dos argumentos desconstrutivos dos que acham que sabem criticar. Agora, por que alguém que você nunca viu lhe incomoda tanto? A pessoa não pode ter uma opinião contrária a sua a respeito dessa ou aquela bandinha/livro/cantor/ator? Não é mais fácil ignorar e levar sua vida como antes?

A opinião alheia incomoda por que ela é verdadeira ou por que você tem vergonha de idolatar certas coisas que não terá coragem de assumir que curtia daqui 2, 5, 10 anos? E se o pensamento contrário ao seu perante algum artista, assunto ou o que quer que seja lhe deixa nervoso: se arme. Leia, discuta, leia, ouça todos os lados, leia de novo.

Não ser radical, não significa não ter opinião formada. Ter senso crítico é justamente a capacidade de questionar o que lhe cerca de forma inteligente. O que seu professor fala não é uma verdade absoluta. O que o Jornal Nacional diz não é um postulado que não possa ser estudado. O sermão do sacerdote só é crível para os fiéis 100% crentes do que Charles Darwin é uma farsa.

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