Chega a ser estranho, para a maioria das pessoas, ir para o cinema mirar um filme sem falas e sem cores num mundo onde um celular tem 262 mil cores. Para a minha surpresa não tão surpreendente o cinema estava com metade das poltronas ocupadas. A marca "Oscar" continua forte. Não que isso seja uma vantagem ou um desserviço ao tido 'cinema de arte', mas ...
"O Artista" como todos sabem é uma homenagem a transição do cinema mudo para o falado. O principal ator da época, George Valentin (que sou eu achei muito parecido com Andy Garcia?) vive um dilema. O dono do estúdio, Al Zimmer (o sempre bom John Goodman), no qual Valentin estrela seus filmes quer caras novas e vislumbram a possibilidade do público querem ouvir a voz dos atores. Qualquer semelhança com o 'cinema atual' onde atores de 50, 60 anos contracenam com atrizes de 20 e poucos anos não é mera coincidência.
Durante essa transição, G. Valentin 'promove' uma dessas novas caras: a linda Peppy Miller. Uma dançarina-atriz figurante que vê seu nome subir nos créditos finais dos filmes, enquanto o grande astro mudo briga com Zimmer e lega com sigo, para nenhum lugar, sua arte não-falada. George Valentin decide, ele mesmo, produzir e bancar um novo filme. Contudo, após vários talões de cheques lançados aos colaboradores e uma bilheteria pouco animadora ele, Valentin, se percebe quebrado. Essa decadência finda seu casamento.
Essa queda abrupta se assemelha com a vida pós-gramados de muitos jogadores da década de 60/70. A valorização do atual e o desrespeito ao passado não é nenhuma novidade, mas assusta quando vemos pessoas vivendo no banco da praça pensando nela: na vida que viviam quando estavam auge de suas atividades.
* Estou cansado desses animaizinhos fofinhos que fazem mil truques
* "O Artista" 'roubou' a cena do Quentin Tarantino na qual a Shousanna queima rolos de filmes?
* Preto e branco minimiza a feiura dos menos favorecidos esteticamente e enaltece a beleza de uma minoria
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